A Invenção de Hugo Cabret

NOME

Ambientado na Paris dos anos 30, um garoto - órfão - vive dentro das paredes de uma estação de trem, onde se envolve com os mistérios deixados por um caderno do seu pai e um peculiar autômato. Baseado no livro homônimo de Brian Selznick, o diretor Martin Scorsese e o roteirista John Logan resgatam a história da 7ª arte e fazem a proeza de exibir ao século XXI nada menos do que "A Chegada de um Trem na Estação" em 3D - entre outros brilhantes filmes que marcaram a história da linguagem cinematográfica mundial.

Ao se deperar com um órfão que cuida dos relógios de uma estação de trem, logo pensamos que será uma simples e singela aventura, onde o menino se envolve com o enigma do autômato deixado pelo seu pai. Todavia, o que parece ser um simples conjunto de cenas inebriantes trabalhadas com o melhor do que a tecnologia pode oferecer, a trama se desenvolve de maneira hipnotizante, até chegar ao seu ápice, revelando seu verdadeiro objetivo: idealização do cinema e de um dos seus maiores e pioneiros contribuidores, Georges Méliès. Pura metalinguística, é a arte falando sobre a arte.

Não posso deixar de mencionar aqui, que dentre todos os filmes em 3D que eu já tive a oportunidade de assistir, A Invenção de Hugo Cabret foi o único que me fez sair da sala de cinema com a sensação de que aqueles óculos irritantemente impertinentes - cujo artefato eu já uso por necessidade, o que torna a manobra de colocar outros óculos por cima dos meus insuportavelmente desconfortável -, serviram de alguma coisa. A experiência de ver todas aquelas engrenagens em pleno funcionamento, uma construção de cenário impecável e paisagens magníficas da cidade luz foi impagável, sem contar que este filme mostra que a tecnologia 3D não serve apenas para parecer que objetos estão vindo em nossa direção, e sim para nos proporcionar uma completa imersão para dentro da tela, e consequentemente, para dentro dos olhos azuis  do pequeno Hugo.

Ir ao cinema tem se mostrado cada vez mais um ato corriqueiro, e por consequência, talvez não demos a devida importância a essa mágica experiência, retratada com tanto carinho e nostalgia pelo filme. Ontem, logo após assistir a essa belíssima e instigante obra, voltei pra casa revendo meus conceitos e entendendo o quão privilegiada é a minha geração por poder ter o Cinema ao alcanço dos olhos - mesmo quando algumas sessões não sejam lá tão encantadoras assim, tendo em vista os incômodos que muitas das vezes somos obrigados a aturar dentro de uma sala de exibição: na sessão de ontem, por exemplo, as risadas desnecessárias e comentários excessivos de alguns inconvenientes na fileira detrás quase me tiraram do sério, mas enfim, é isso que infelizmente temos que aturar ao encarar um "cinema de shopping". Portanto, o brilhantismo e a sutileza do que se constituiu, na minha opinião, um dos maiores filmes do século, acabaram por entranhar em mim toda a sensação que o mundo sentiu ao assistir os primeiros filmes da história.


Com 11 indicações ao Oscar, Hugo é o grande filme da Academia este ano, e não me surpreenderei caso ele leve qualquer um dos prêmios, principalmente se entre eles constar o de Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado.

A Invenção de Hugo Cabret
(Hugo, 2011)
Aventura/Drama
Origem: Estados Unidos
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: John Logan (adaptação do livro de Brian Selznick)
Elenco Principal: Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Christopher Lee, Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen e Jude Law
Trailer


Leandro Luz é amante de cinema e colecionador de vinil. Assiste mais filmes e escuta mais músicas do que deveria e muito menos do que gostaria. [Twitter] [Facebook]

Compartilhe:

0 comentários:

Postar um comentário