Um Indie na Erótica DDK

Um Indie na Erótica DDK

Imagina um rapaz que só ouve Indie rock, Folk e MPB. Imagina que ele não vai a uma “balada” a uns 3 anos. Sua vida se resume a shows, cinemas e livros. Agora que tal pegar esse rapaz e colocar em uma das festas undergrounds mais famosas do Brasil? Pra ouvir o que há de melhor de Industrial, Gótico e Metal. Então, isso aconteceu no sábado e cá estou para contar sobre essa noite, que tinha tudo para ser horrível.

Primeiro vamos contar o que é essa tal festa estranha, caso você não a conheça: DDK é abreviação de Deutschland Dancefloor Klub, o que traduzido via Google seria Clube da Pista de Dança Alemã. O conceito da festa é trazer um misto de clássicos e novidades, da cultura alternativa produzida na Europa para a noite carioca.

A DDK acontece num dos cinemas mais lindos do Rio de Janeiro! O Cine Iris, que atualmente é um cinema pornô, algo que aconteceu com grande parte dos cinemas de rua da cidade maravilhosa, o que é uma boa discussão para um outro dia. Então, fica impossível ir ao Iris normalmente, a não ser que queira ser importunado por homossexuais querendo te ch... bem voltando a festa: É uma boa oportunidade de se maravilhar com a arquitetura e a DDK tem uma simbiose muito boa com o lugar. Um dos motivos de ter aceito o convite foi o fato de ir conhecer o Iris.


A ideia é bem simples: primeiro andar: cinema, shows e performances, que variam com o tema da edição; segundo andar: pista de rock (gothic rock, synthpop antigo, entre outras vertentes) e darkroom; e no terraço fica a pista para as vertentes eletrônicas/industrial. Fui parar na edição mais tradicional da festa, a DDK Erótica, que trás um cenário burlesco, aonde os próprios frequentadores vão vestidos a caráter, o que dá um ar foda ao evento.

Eram 23 horas quando cheguei à festa e na hora notei que estava em um lugar totalmente estranho para mim, a cada pessoa que via na fila, a cada flyer que recebia... ficava pesando: “essa noite será longa”. Não conseguia me ver indo a nenhuma das festas ou conhecendo nenhuma das banda dos flyers que recebi e não foram poucos. Não sabia nem que aqueles estilos existiam, eu era a única pessoa de casaco de flanela no evento, olhava em minha volta e só via preto, couro, corpetes e rendas. Nessa parte, preciso confessar, parecia que estava num filme erótico antigo, com muitas mulheres vestindo tudo o que faz parte de nossas fantasias. De cintas-liga e dominatrix ... Amigo, você precisa ir para entender o quê presenciei


Chegando na pista eletrônica, novamente, tive aquela sensação de que estava num lugar bizarro, luzes picando de tal maneira que cheguei a conclusão que góticos não podem ter epilepsia. Som estranho, pessoas mais estranhas ainda e o grupo de amigos que fui conversando sobre bandas que desconheço. Foi engraçado constatar que não sabiam o que era The Kooks ou Arctic Monkeys. Nesse momento que notei que só tinha uma única opção: beber! E nisso preciso tirar o chapéu pra DDK, drinks temáticos, doses interessantes e uma variedade incrível. Vale a pena ir com uma boa grana e conhecer um pouco de tudo. Vou confessar que fiquei nos flamejantes e minha garganta está queimada até hoje.


Aí consegui falar até das bandas que nunca ouvi falar, juro também que vi um cara com a camisa do Strokes e até causei inveja falando que fui ao show no ano passado. O principal problema era ainda o som, a pista eletrônica era algo que não descia, mas nisso o evento mostrou sua varidade, desci um andar e na Pista de Rock, mesmo tendo uma puxada industrial, encontrei meu lugar.

Novamente não conhecia nada que tocava ali, teve até um Ramones e um U2, mas no geral eram estilos que não me vejo escutando no meu dia a dia, no fone de ouvido, porém combinava com tudo ali, as roupas, a fumaça, a arquitetura do lugar, o ambiente... E fez sentido de uma tal forma, que me vi dançando e aproveitando de uma forma como se fosse fã, a cada música que o dj colocava e o pessoal gritava, gritava junto! E teve até um momento foda: reconheci uma música que tocou na festa, foi um dos momentos mais legal da noite, Amerika do Rammstein. Preciso confessar que sou fã da música por causa de um amigo e desda festa, estou com ela na minha cabeça. Vale a pena ligar o play caso não a conheça:


A variedade das duas pistas fazia a festa não ser cansativa e o atrativo do cinema, com filmes burlescos e antigos davam um ar bem interessante. Sem contar com as performance que rolavam as vezes no palco. Coisa de louco! Nem te conto. A darkroom bem lotada e, putz, mulheres lindas para todos os gostos. Mas digo que não consegui aproveitar toda a festa, de shots de flamejantes à ficar dançando na pista rock, quando vi já eram quase 6 da manhã. O que me deixa com aquela vontade de voltar para aproveitar mais.

É o tipo de experiência que te aconselho muito a ter! Chame seus amigos, forme um grupinho e cai dentro. Uma coisa que cada dia que passa reparo mais, as pessoas fazem o lugar ser foda, se for com amigos dispostos a aproveitar outras coisas, não tem como ser ruim. Então deixa de mimimi, esquece um pouco nosso mundinho e vai curtir outros cenários! Pode ser tão foda quanto o show daquela bandinha que gosta tanto. E digo, quando amanhecer e você estiver se recuperando nos bancos do cinema, vai notar que valeu a pena.


Fotos por Daniel Croce e retiradas do Facebook da festa, qualquer problema, só avisar.

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