Quando pratico a ação de ir ao cinema, espero uma reação dele: me emocionar. Da forma que apenas os filmes são capazes de fazer. Espero que no fim tenha que respirar por alguns segundos antes de conseguir dizer algo ou sentir meus olhos brilhando que nem o de uma criança ao ver uma mágica pela primeira vez. E mais uma vez, Steven Allan Spielberg, Janusz Kaminski e seu Cavalo de Guerra conseguiram me levar à esse estado.
O longa conta a relação de amizade do jovem Albert e o seu cavalo Joey, que é interrompida pela chegada da Primeira Guera Mundial, onde o animal é vendido à cavalaria e enviado para as trincheiras. A partir desse acontecimento, o filme mostra os relacionamentos das pessoas que Joey se aventura e como elas são afetadas pela guerra.
Vendo a filmografia de Spielberg, dá para notar que nessa obra ele trabalha duas de suas principais facetas: Relações de Amizades e Horrores da Guerra. E na hora de juntar essa duas facetas, vem o principal "porém" do filme, o que vai lhe fazer amar ou odiá-lo: entender a forma que se deve vê-lo.
Se tentarmos acompanhar pelo roteiro, Cavalo de Guerra é um filme fraco. O tom dramático beira o absurdo, forçando a barra em muitas situações, sempre se utilizando de excessivos clichês, principalmente na primeira parte do filme. Se você tiver grandiosas expectativas quanto ao roteiro, não assista-o, estará perdendo apenas um filme de sessão da tarde, para passar no lugar daquele do cachorro que volta para casa, que é igual a esse, só que com um cavalo.
Porém, se deseja ter uma experiência incrível, é preciso que se entregue de braços, olhos e ouvidos. É necessário deixar ser guiado pela fotografia do filme (mérito de Janusz Kaminski), ela é a chave que une as duas facetas. Só com ela conseguimos notar que o desequilibrio de sentimentalismo é uma licença poética do diretor para que você consiga entrar no seu mundo, porque sem ela, a bela fotografia não seria tão impactante. É preciso aceitar que um cavalo seja tão incrível, porque se ele não fosse, não seria feito um filme. Por que fazer um filme sobre um cavalo chato? Tem que deixar de ter essa visão quadrada em que não está disposto a acreditar no irreal.
Durante a jornada do Joey, para cada universo de relações em que participa, conseguimos sentir a faceta da guerra, a forma que ela irá destruir ou está destruindo aquele mundo, e a fotografia é a responsável por passar isso para gente. Há uma cena antológica, em torno de 1h50 do longa, que explica exatamente isso. No meio do campo de batalha, um soldado inglês e um alemão se juntam para tentar tirar o Joey de uma série de arames farpados, ali conversam e conseguem notar que do outro lado existe seres humanos cansados e não monstros e com isso o dia vai amanhecendo, perdendo o tom sombrio e dando esperança para o fim da guerra.
Outro ponto chave sobre a fotografia é sobre a relação com o uso de armas na Primeira Guerra Mundial. Ela é mutável com o período da guerra, a transição de uma guerra limpa, usando espadas e cavalos, no inicio dela, aonde temos uma fotografia mais bela, à guerra de armas de fogos e sua sujeira no fim, mais sombria.
Tem que ficar bem claro que o filme não é sobre um cavalo e um garoto, o filme é sobre a guerra e como ela mudou a vida de várias pessoas. O cavalo é apenas o catalizador, é o Forrest Gump da história, é quem esteve lá e está "contando" o que viu. E nisso o filme é muito honesto, dá para sentir o Spielberg em cada cena, todos os detalhes são magistralmente dirigidos por ele, Maquiagem, Direção de Arte, Fotografia, Cenário, Música, Direção de Elenco, tudo, tudo tecnicamente perfeito. É até difícil falar um ponto negativo nessas áreas, algo que só um diretor com a bagagem dele seria capaz quando faz algo com tanta dedicação.
Cavalo de Guerra
(War Horse, 2011)
Drama/Guerra - 146 min.
Origem: Estados Unidos e Índia
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Lee Hall e Richard Curtis
Elenco Principal: Benedict Cumberbatch, Tom Hiddleston, David Thewlis, Emily Watson, Toby Kebbell, Eddie Marsan, David Kross, Peter Mullan, Jeremy Irvine
Distribuidora: Walt Disney Pictures
Trailer
O longa conta a relação de amizade do jovem Albert e o seu cavalo Joey, que é interrompida pela chegada da Primeira Guera Mundial, onde o animal é vendido à cavalaria e enviado para as trincheiras. A partir desse acontecimento, o filme mostra os relacionamentos das pessoas que Joey se aventura e como elas são afetadas pela guerra.Vendo a filmografia de Spielberg, dá para notar que nessa obra ele trabalha duas de suas principais facetas: Relações de Amizades e Horrores da Guerra. E na hora de juntar essa duas facetas, vem o principal "porém" do filme, o que vai lhe fazer amar ou odiá-lo: entender a forma que se deve vê-lo.
Se tentarmos acompanhar pelo roteiro, Cavalo de Guerra é um filme fraco. O tom dramático beira o absurdo, forçando a barra em muitas situações, sempre se utilizando de excessivos clichês, principalmente na primeira parte do filme. Se você tiver grandiosas expectativas quanto ao roteiro, não assista-o, estará perdendo apenas um filme de sessão da tarde, para passar no lugar daquele do cachorro que volta para casa, que é igual a esse, só que com um cavalo.
Porém, se deseja ter uma experiência incrível, é preciso que se entregue de braços, olhos e ouvidos. É necessário deixar ser guiado pela fotografia do filme (mérito de Janusz Kaminski), ela é a chave que une as duas facetas. Só com ela conseguimos notar que o desequilibrio de sentimentalismo é uma licença poética do diretor para que você consiga entrar no seu mundo, porque sem ela, a bela fotografia não seria tão impactante. É preciso aceitar que um cavalo seja tão incrível, porque se ele não fosse, não seria feito um filme. Por que fazer um filme sobre um cavalo chato? Tem que deixar de ter essa visão quadrada em que não está disposto a acreditar no irreal.
Durante a jornada do Joey, para cada universo de relações em que participa, conseguimos sentir a faceta da guerra, a forma que ela irá destruir ou está destruindo aquele mundo, e a fotografia é a responsável por passar isso para gente. Há uma cena antológica, em torno de 1h50 do longa, que explica exatamente isso. No meio do campo de batalha, um soldado inglês e um alemão se juntam para tentar tirar o Joey de uma série de arames farpados, ali conversam e conseguem notar que do outro lado existe seres humanos cansados e não monstros e com isso o dia vai amanhecendo, perdendo o tom sombrio e dando esperança para o fim da guerra.
Tem que ficar bem claro que o filme não é sobre um cavalo e um garoto, o filme é sobre a guerra e como ela mudou a vida de várias pessoas. O cavalo é apenas o catalizador, é o Forrest Gump da história, é quem esteve lá e está "contando" o que viu. E nisso o filme é muito honesto, dá para sentir o Spielberg em cada cena, todos os detalhes são magistralmente dirigidos por ele, Maquiagem, Direção de Arte, Fotografia, Cenário, Música, Direção de Elenco, tudo, tudo tecnicamente perfeito. É até difícil falar um ponto negativo nessas áreas, algo que só um diretor com a bagagem dele seria capaz quando faz algo com tanta dedicação.Cavalo de Guerra (War Horse, 2011)
Drama/Guerra - 146 min.
Origem: Estados Unidos e Índia
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Lee Hall e Richard Curtis
Elenco Principal: Benedict Cumberbatch, Tom Hiddleston, David Thewlis, Emily Watson, Toby Kebbell, Eddie Marsan, David Kross, Peter Mullan, Jeremy Irvine
Distribuidora: Walt Disney Pictures
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