Criolo @Circo Voador [04/fev]

Criolo Doido - Circo Voador - 04/Fev

Desde que ganhei o precioso álbum Nó Na Orelha de um cara que eu admiro muito, e desde que me deparei com a primeira faixa - Bogotá -, não consegui mais parar de escutá-lo. Kleber Cavalcante Gomes, ou Criolo se preferirem, começou a carreira com o adjetivo Doido integrado ao nome. Fazendo o que chamamos de rap e hip hop, está desde o final da década de 80 difundindo sua arte pelo Brasil. Foi com a gravação do seu primeiro disco Ainda Há Tempo (2006) e DVD Criolo Doido Live in SP (2010), que acabou tendo mais visibilidade na mídia e foi convidado a participar do programa Som Brasil - Especial Vinícios de Moraes. Até o momento ninguém havia entendido o que é que aquele "rapper" estava fazendo ali. Foi então que em 2011 Nó Na Orelha foi lançado e o mundo pôde entender que na verdade aquele Criolo não era Doido e nem "rapper". O cara era, antes de mais nada, poeta, e definitivamente, um cantor.

Criolo Doido - Circo Voador - 04/Fev

Neste último sábado (04) no Circo Voador presenciei o que foi uma das maiores concentrações de energia positiva desde que a humanidade levantou as mãos para a Genki Dama de Goku (rs). Brincadeirinhas à parte, o show do Criolo foi arrebatador. Dificilmente nos deparamos com a casa lotada e fãs cantando todas as músicas a plenos pulmões quando se trata de um artista nacional. E foi exatamente isso o que aconteceu quando Criolo, ao lado dos seus fiéis escudeiros DJ Dan Dan e Daniel Ganjaman (tecladista e um dos produtores do Nó Na Orelha), sobe ao palco com sua banda e é ovacionado pela galera ensandecida pelo novo hype (?) da música nacional. Mariô é a primeira e última canção da noite - devido à um problema com o registro, a música foi tocada novamente ao final do show, pois tudo aquilo estava sendo filmado, mas sem intenção de virar DVD, explicou Ganjaman. Logo a magistral Subirusdoistiozin - que ganhou um clipe sensacional de 6 minutos - é tocada para as 3 mil pessoas presentes, incluindo o ilustre (?) Zeca Camargo, que parece ter ido ao show para consolidar a aceitação de um público que costuma rejeitar qualquer tipo de estranheza, mas que recebeu o "rapper" de braços abertos no Rio de Janeiro e em todo o país. Aplausos, assobios e diversos coros de "Criolo! Criolo!" eram ouvidos a todo momento.

Criolo Doido - Circo Voador - 04/Fev

Claramente emocionado e sem escoder a cara de choro, Criolo vai tecendo, segundo a segundo, uma entidade que ficará na memória de cada ser humano presente naquela lona, que por sinal também ficará marcada pelo eco das cuidadosas palavras daquele louco. Até porque, para ser genial, só tendo um pouco de doido mesmo! Obcecado pelo amor, pela paz e pela própria loucura, Criolo declama versos de Ainda Há Tempo, música do seu primeiro disco homônimo. Momento raro esse no show, que se baseou quase que totalmente em seu último disco, o que me deixou um tanto quanto triste por não ter escutado as mais antigas ao vivo.

No mais, seus versos costumeiros de Cálice (Chico Buarque de Hollanda) foram cantados e sua adesão ao caso Pinheirinho foi mostrada por um cartaz com os dizeres "Os mortos de Pinheirinho não me deixam comer".
Os apelos políticos da noite se encerraram com Criolo fazendo a conexão entre os versos de Lion Man (“Vamos às atividades do dia: Lavar os corpos, contar os corpos e sorrir... A essa borda rebeldia”) e ao caso dos policiais em Salvador.

Criolo Doido - Circo Voador - 04/Fev

A festa se encerra com muita comemoração e agradecimentos, e com a promessa de que esse não é apenas um novo hype passageiro na cena musical nacional. Seja cantando rap, samba, reggae, soul ou mpb, a VOZ de Criolo Doido continuará ecoando nos corações e mentes de todos que tiverem a capacidade de entender que sua poesia se fará presente independente do meio em que nos é transmitida.

Fique atento, quando uma pessoa lhe oferece um caminho mais curto.
Quando uma pessoa lhe oferece um caminho mais curto, fique atento.

Salve Criolo Doido.

Criolo Doido - Circo Voador - 04/Fev

Fotos por Letícia Aido, para ver o Flickr dela, clique nas fotos ou aqui.

Leandro Luz é amante de cinema e colecionador de vinil. Assiste mais filmes e escuta mais músicas do que deveria e muito menos do que gostaria. [Twitter] [Facebook]

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